domingo, 14 de outubro de 2012


Freud e o Desenvolvimento Psicossexual

  Aqui, o desenvolvimento da personalidade está centrado no desenvolvimento psicossexual.  
  Sigmund Freud nas suas investigações na prática clínica sobre as causas e funcionamento das neuroses, descobriu que a grande maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual, localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, na infância estavam as experiências de carácter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas actuais e, confirmava-se, desta forma, que as ocorrências deste período de vida deixam marcas profundas na estruturação da personalidade. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica e é desenvolvido o segundo conceito mais importante da teoria psicanalítica: a sexualidade infantil. 
 Foi no segundo dos “Três ensaios de sexualidade” das obras completas, que Freud postulou o processo de desenvolvimento psicossexual, o indivíduo encontra o prazer no próprio corpo, pois nos primeiros tempos de vida, a função sexual está intimamente ligada à sobrevivência. O corpo é erotizado, isto é, as excitações sexuais estão localizadas em partes do corpo (zonas erógenas) e há um desenvolvimento progressivo também ligado as modificações das formas de gratificação e de relação com o objeto, que levou Freud a chegar nas fases do desenvolvimento sexual:
Fase oral
  Decorre do nascimento até cerca dos 12/18 meses. A zona erógena é a boca: o bebé obtém prazer ao mamar, ao levar objetos à boca, bem como através de estimulações corporais. A sexualidade é auto-erótica. O desmame corresponde a um dos primeiros conflitos vividos. É neste estado que o ego se forma.
 Fase anal
  Decorre dos 12/18 meses aos 2/3 anos, e a zona erógena é a região anal. A criança obtém prazer pela estimulação do ânus ao reter e expulsar as fezes. O controlo da defecação gera, simultaneamente, sentimentos de prazer e de dor. É nesta fase que se faz a educação para a higiene, relativamente à qual a criança ou cede ou se opõe ao cumprimento das regras. A ambivalência está, assim, presente nas interações que estabelece com a mãe ou outros cuidadores.
 Fase fálico
  Decorre dos 3 aos 5/6 anos. A zona erógena é a região genital: os órgãos sexuais são estimulados pela criança, que assim obtém prazer. A curiosidade sobre as diferenças sexuais é grande. É neste estádio que surgem os complexos de Édipo e de Electra, que consistem na atração da criança pelo progenitor do sexo oposto e agressividade para com o progenitor do mesmo sexo. É com este, que surge como modelo, que ela se vai identificar. A identificação leva a criança a adotar os seus comportamentos, valores e atitudes. É a sua interiorização que conduz à formação do superego. É através do processo de identificação que se supera o complexo de Édipo.
 A limitação referida é interiorizada sob a forma de tabu do incesto para cuja formação contribuem o sentimento inconsciente de culpa desenvolvida pelo Superego e as restrições sociais. Freud sublinha que a repressão do complexo de Édipo ou, mais propriamente, a sua ultrapassagem marca a etapa final do desenvolvimento do Superego. Este será o herdeiro do complexo de Édipo e a instância que se ergue contra o incesto e a agressividade..
Fase de latência
 Decorre entre os 5/6 anos até à puberdade. Este período é caracterizado por uma aparente atenuação da actividade sexual. Seria neste estádio que ocorreria a amnésia infantil: a criança reprime no inconsciente as experiências que a perturbaram no estádio fálico. A criança investe a sua energia nas actividades escolares, ganhando especial importância as relações que estabelece entre os colegas e os professores.
 Vários intérpretes de Freud consideram que o estádio de latência é mais uma pausa do que um período de desenvolvimento psicossexual (não há nenhuma área específica do corpo do corpo que pose ser destacada como zona erógena e nenhum conflito psicossexual). Outras interpretações sugerem que nesta fase, sobre a qual Freud pouco disse, as crianças aprendem a esconder a sua sexualidade do olhar desaprovador dos adultos. Seja como for, a relativa emancipação em relação ao universo familiar prepara o caminho para que o afecto e a atracção sexual assumam uma forma adulta.
  No final deste estádio o aparelho psíquico está completamente formado
Fase genital
 A partir da puberdade a zona erógena é a região genital. É o último estádio de desenvolvimento da personalidade, em que há uma activação da sexualidade que esteve latente no período anterior. Apesar dos investimentos afectivos se desenrolarem fora da família, há uma reactivação do complexo de Édipo. O processo de autonomia relativamente aos pais passa por os encarar de forma mais realista. O prazer sexual envolve todo o corpo, integrando todas as zonas erógenas.
 A sublimação é especialmente importante neste período porque os impulsos do ID (egoístas e agressivos) continuam e continuarão activos. A sublimação significará transformar os impulsos libidinais convertendo-os em energia útil para o casamento, a educação dos filhos e o desempenho profissional.

Freud viveu numa época e numa cultura que reprimiam fortemente a sexualidade desde a infância. Os sintomas neuróticos, as doenças psicossomáticas, os sofrimentos causados pela culpabilização, as regressões, etc., que ele encontrou nos seus pacientes, estavam relacionados com a vida sexual. Na sua origem estaria a experiência traumática ocorrida na infância. A descoberta da sexualidade infantil levou Freud a modificar as suas noções, distinguindo genital de sexual. Aqui entra o conceito de “pulsão” - a sexualidade não se limita ao acto sexual entre duas pessoas: a sexualidade era toda a actividade pulsional que tende a uma satisfação.
Para conhecer mais pormenorizadamente a origem das teorias deste velho sábio da psicologia, aconselho o filme/documentário “Freud – Além da Alma”. Aqui vai o link para a sua visualização:
    http://www.youtube.com/watch?v=o-UuyIXtRi0&feature=related - parte 1 (através deste mesmo link, poderão aceder às restantes partes do filme)

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