Estresse dá espaço para doenças inflamatórias, cardíacas e câncer
A convivência prazerosa com outras pessoas é um privilégio constantemente buscado para suprir nossas necessidades físicas, emocionais e espirituais. E isso pode ser conquistado na família, na escola, no ambiente de trabalho, ou nos grupos de amigos ou de pessoas que tenham interesses comuns. No entanto, uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, constatou que interações sociais negativas dão espaço para doenças inflamatórias, podendo culminar em câncer ou doenças cardíacas.
Não é sem motivo que estudos como esse vêm sendo realizados para demonstrar a importância das relações interpessoais positivas para a saúde de maneira geral. O objetivo é mostrar como pode ser prejudicial para nosso organismo nos envolvermos em interações sociais negativas. Afinal, quando estamos em harmonia com nossos familiares, companheiros e amigos, nos sentimos leves e satisfeitos, como se tivéssemos acabado de alimentar nosso espírito.
Desde o nosso nascimento, ou até mesmo antes de nascermos, já temos um vínculo afetivo com nossa mãe, vínculo esse que dá início à formação de nossa identidade social. Se somos aceitos, gerados e criados com amor, carinho e atenção de nossos pais, nosso desenvolvimento físico e emocional terá todas as chances de progredir normalmente. Porém, se por algum motivo nos sentimos abandonados ou rejeitados, poderemos apresentar problemas de ordem emocional e comprometer nossa saúde.
Quando crianças, somos totalmente dependentes - de nossos pais ou de adultos que nos criam - e com o passar do tempo vamos criando uma independência relativa, pois passamos a conviver com outras pessoas. Entretanto, lá no fundo, esperamos que elas nos entendam e nos amparem como faziam quando éramos crianças. Mas será que isso é possível?
BONS RELACIONAMENTOS COMEÇAM PELA ACEITAÇÃO
As pessoas são criadas em diferentes meios sócio-culturais, com hábitos e costumes distintos. Daí advém a tão comum dificuldade de aceitação do outro como ele é. Estamos sempre pensando que as pessoas deveriam ser do jeito que nós gostaríamos que elas fossem. Que maravilha seria se os outros agissem exatamente como esperávamos! Como isso não acontece, nos sentimos decepcionados com as atitudes daqueles com quem convivemos e passamos a ficar estressados por ter que suportar determinada situação.
Temos a tendência de procurar pessoas que tenham algo em comum conosco, justamente porque necessitamos ser aceitos do jeito que somos. Queremos que as pessoas entendam nossas necessidades, anseios e desejos. Se fazemos parte de um grupo que supre nossas expectativas ficamos felizes e nos sentimos acolhidos e satisfeitos. Caso contrário, lá vem o desconforto das discordâncias.
Mesmo quando fazemos parte de grupos com os quais temos afinidade, a convivência nos leva a descobrir aspectos positivos ou negativos que antes não havíamos percebido. Ao descobrirmos coisas que nos agradam, passamos a admirar e a gostar ainda mais do grupo ou da pessoa em questão, mas se descobrimos algo que nos aborrece, surgem discussões, discordâncias e decepções que propiciam fofocas, brigas e desentendimentos.
O ESTRESSE DA CONVIVÊNCIA
Como nem sempre é possível nos afastarmos desses relacionamentos desfavoráveis, situações estressantes tornam-se frequentes. Com isso, nosso corpo acaba gerando inflamações. Isso acontece porque o estado de tensão emocional acarreta no organismo um aumento da liberação de hormônios e outras substâncias, como cortisol, adrenalina e noradrenalina - que a longo prazo podem diminuir a capacidade de defesa do sistema imunológico. Assim, podemos explicar como o estado mental e as emoções influenciam a saúde, propiciando o aparecimento de doenças, como a hipertensão, o diabetes, a fibromialgia (doença que provoca dores no corpo, fadiga, alterações no sono, depressão e fadiga) o câncer e tantas outras.
Nessa situação, o lado emocional fica fragilizado e um conjunto de reações fisiológicas ocorre em nosso organismo, como, por exemplo, o aparecimento de dores nas costas que ocorrem devido à contratura da musculatura vertebral, provocada pelo estresse. Devido à tensão, podem aparecer sintomas como dores musculares, distúrbios digestivos, palpitação, baixa do sistema imunológico, entre outros.
A constante repetição de momentos desagradáveis, somada à dificuldade em exteriorizar as emoções que popularmente definimos com o termo "engolir sapos" pode gerar uma situação de estresse crônico, que tende a propiciar o aparecimento de doenças mais graves, como o câncer.
O ambiente de trabalho é geralmente o local onde as pessoas sentem-se mais estressadas. É comum ouvirmos queixas de pessoas que se sentem decepcionadas com atitudes de colegas de trabalho, ou constrangidas com o tratamento recebido de seus chefes. Para quem tem um bom relacionamento amoroso ou um amigo de verdade para desabafar, o impacto do estresse pode ser reduzido. Caso contrário, o sofrimento interior será mais difícil de ser contornado.
É importante salientar que o estresse só acontece se a situação desagradável for realmente significativa para nós. Muitas vezes podemos receber uma bronca do chefe ou termos uma discussão com um amigo, mas passados alguns instantes já esquecemos. Outras vezes, situações semelhantes podem nos incomodar muito, a ponto de gerar ansiedade, raiva, mágoa ou ressentimento e, consequentemente, o estresse.
Como agir para não sofrermos com relações interpessoais negativas? Algumas dicas que podem auxiliar:
- - As pessoas têm pontos de vista diferentes dos seus, que devem ser respeitados. Seja receptivo, procurando entender as atitudes dos outros.
- - Mantenha sua individualidade, mas não tente mudar o outro. Procure adaptar-se ou simplesmente tolerar, aceitando a maneira de agir de cada pessoa.
- - Esforce-se em cooperar com as pessoas de seu convívio, sem cobrar nada em troca.
- - Valorize quem está ao seu lado.
- - Seja solidário, ajude a buscar solução para os problemas em comum.
- - Se possível, afaste-se daqueles que lhe fazem sofrer, mas sem guardar mágoas ou rancores, pois esses sentimentos só fazem mal a você mesmo.
Graduada em Naturologia, Educação Física e Pedagogia, com especialização em Psicossomática, atende em São Paulo utilizando as Terapias Naturais para auxiliar no processo de autoconhecimento e de promoção, manutenção e recuperação da saúde.
contato: srbello@terra.com.br
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